Bipolaridade

Ando um tanto timburtoniano
Quase, eu diria,
Parkinsoniano...
Minhas mãos-de-lítio
Tremem tanto
Que sacodem até
Essa pena
Com que escrevo...
Pena?
Não tenha pena, amigo!
Com isso convivo,
Coexisto
Visando equilibrar
Meu humor... ou humores?
Mau-humor... ou apenas dores...
Mas como livrar-me
Desses tremores
E da tristeza
Se desequilibro
Tudo o que toco?
Copo, prato, talher
Criança, homem, mulher
Tudo à minha volta treme
Nessa viagem bipolar
E perene...
Como fosse eu
O epicentro
De um terremoto
Descontrole remoto...
Sério, dispendo a Escala Richter.
A mim, me basta
Uma litemia
Sérica*
Será o máximo
Descobrir, novamente,
Que não cheguei ao nível
Total
Do metal
No meu sangue.
Somente ao cúmulo
Dos tremores,
Mantendo-se, ainda assim,
O desvario
Dos humores...
Dores...
Lamentos... Lamento.
Tremendo, nesse momento,
Dou adeus a tudo
Nesta vida
Que não foi feito para mim:
Amores, alegrias,
Conquistas, fantasias,
Risadas, botequins...
Tremendo, deixo espatifar-se
O copo
(Minhas mãos-de-lítio a dançar...)
De sicuta.
Enfim,
Espero ter conseguido beber
O suficiente,
Para que chegue logo o fim...
Enquanto o espero
Tremendo.

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